NOSSA HISTÓRIA
Falar
da nossa história é nos remeter a uma origem social ainda
misteriosa, como não existem registros escritos pelos antepassados
dos Nagôs, somente através da tradição oral
e ritual (memória, palavras e práticas religiosas). Falar
dos Nagôs em Pernambuco seria preciso comentar a cosmogonia dos
Iorubá, do patriarca dos Iorubás Oduduá (Odùdúwá)
que fundou a civilização Iorubá em Ilé-Ifê,
Nigéria, das etnias africanas que escravizadas entraram e formaram
o Brasil, da mitologia dos Orixás, da transformação
dos cultos afros em candomblé e outros assuntos ainda complexo
para nós, cabendo isso aos historiadores e pesquisadores do nosso
Brasil, mas iniciaremos pela história já conhecida do
nosso Brasil que tem apenas 500 anos, que durante, aproximadamente,
350 anos recebeu a chegada de tumbeiros, indignos a nossa consciência,
repletos de negros vindos das costas africanas, escravizados, aportaram
nas terras tupis e resistentemente engrandecem o nosso país.
Aqui
em Pernambuco, as manifestações em torno da afro--descendência
foi muito profunda, escravidão, revoluções, batalhas,
conflitos, injustiças e atrocidades estimularam a resistência
do povo negro, que heroicamente superaram esses vestígios de
perversidades e transformaram em manifestações de cultura
e tradição afro-brasileira.
Acho eu, a mais importante contribuição
dessa resistência é a tradição religiosa,
transmitida e calcadas nos fundamentos orais e ritos Nagô, diretamente
vinculada a algumas manifestações culturais e artísticas
do Recife, pois do Terreiro de Sant´ana da africana Ifá
Tinuké (a tia Ignês), que passou a ser liderada por Felipe
Sabino da Costa, mais conhecido como Pai Adão, foram celebrados
os fundamentos dos Maracatus Nação Elefante e o Nação
Leão Coroado, os mais antigos do Brasil. Atualmente, ainda pode
ser encontrado pouquíssimos e autênticos representantes
dessa liturgia Nagô em nosso país, este é o verdadeiro
"movimento negro", que após séculos de resistência,
matém-se digno a sua conciência, a valorização
dos antepassados, crianças, negros e aos sagrados Orixás.
Essa herança, como sempre
ressaltamos, repassamos e mantemos vivas transmitindo às crianças,
adolescentes, adultos e apreciadores dos nossos programas, projetos,
oficinas, shows, seminários e apresentações.
O Afoxé Oyá Alaxé
não exitiria se não houvesse em nossa história
aslembranças do respeitável Ogã, e competente Babalorixá
Nelson Mota Sampaio, o Ogum Jobí, como era conhecido na comunidade,
importante via condutora da tradição Nagô no Recife,
fundou juntamente a sua esposa Amara Mendes, o Ilê Obá
Aganju (terreiro São João Batista, 1940), onde funciona
a sede da nossa entidade. Aqui transmitiu a seus vários omorixás,
entes queridos, o culto e adoração aos divinos encantados
africanos, fundamentos que herdou do seu pai João Nepomuceno
Sampaio (Aparí), este ex-escravo na sua infância, filho
de africanos, também um resistente religioso dessa tradição
que em seu terreiro de "Seita Africana" (conforme descritona
coleção Estudos Afro-brasileiro, obra resultado do 1º
Congresso Afro-brasileiro realizado em 1934 no suntuoso Teatro de Santa
Isabel, no Recife, organizado por ilustres estudiosos como Gilberto
Freire e Ulisses Pernambucano).
De avô para filhos e de
pai para filha, esta família matém a tradição
Nagô firme e forte, através de Maria Helena Mendes Sampaio
a história do Afoxé Oyá Alaxé tem fundamento
e está apenas começando.
-
Fábio Gomes.