Das três linhas mestras formadoras da raça brasileira, o ramo africano é o que tem exercido mais influência sobre a nossa música. É fato inconcusso que a música atua mais diretamente através do RITMO do que do som propriamente dito. O ritmos dos afro-descendentes, mais precisamente dos afro-brasileiros, é de uma riqueza pasmosa, além do mais, sabem aliar diversidades de ritmos, a variedade de timbres e uma impressionante criatividade instrumental, o que revela frisar, constitui hoje forte característica da música atual. Os instrumentos e os ritmos que executamos possuem valores históricos documentados da sua vida profana e sagrada. “São meios de comunicação e de informação, são sagrados e após obrigações tornam-se instrumentos de materialização e exteriorização das forças vitais, tais como a própria palavra, as vozes e a respiração”. Eles emitem como elementos de origem divina, forças fundamentais comparadas as que são emitidas pelos próprios orixás, portanto são instrumentos da criação e do pré-existente. O Afoxé Oyá Alaxé, traz na sua orquestra percussiva essa força instrumental e rítmica, onde faz uma forte referência a cadência “ijexá” da nação Ketu, principal ritmo dos afoxés, e também, em seu instrumental típico desta Nação, no qual iremos confraternizar e manter essa tradição mantendo em nosso conjunto a base dos instrumentos tradicionais de um afoxé: ABÊ, instrumento constituido de uma cabaça (fruto vegetal) coberta entrelaçadamente por miçangas (antes eram por búzios ou ave-marias) que friccionados pelas mãos dos percussionistas emitem um som que lebram a palavra “xequerê” (como também é conhecido). ATABAQUES, instrumentos de madeira e péle encontrados nos ritos da Nação Ketu, eles são três (run, rumpi e lé) e desempenham, respectivamente, ritmos cadenciados em sequências de batidas, que nos afoxés são tocados com as mãos resultando numa verdadeira orquestra percussiva, essa polirritmia é uma característica da manifestação. Curiosidade: Existe uma região na Nigéria, mas precisamente em Osógbò, onde se realiza festas ritualísticas em homenagem à Deusa Oxum, as margens do rio com mesmo nome, lá apenas as mulheres tocam os instrumentos, tendo como base o tambor “agere” muito parecido e conhecido do nosso candomblé da nação Nagô que é o ILÚ (tambor pequeno encourado dos dois lados, preso a ástes de ferro e madeira, que são três, chamados: Yan, Melê e Melêyancó, respectivamente, grave, médio e agudo, que é percutido apenas pelas mãos de homens em nossa cultura ), em Irá, região onde nasceu Oyá também existem festas ritualísticas as margens do rio Níger (Odô OYA) em homenagem a está Deusa. AGOGÔ, instrumento de percussão que rége as batidas do afoxé devido a sua sonoridade marcante, sendo seguido pelos demais instrumentos. Feito de metal possui duas campanas com sons diferentes (e com uma campana é chamado de GAN, utilizado nos cultos de candomblé), é o ritmo principal do afoxé. ALABÊS, são os tocadores de atabaques no candomblé de Nação Ketu, que passou a ser chamado assim, também, nos afoxés. ( matéria de Fábio Gomes - Diretor de Alabês e percussionista). |